sexta-feira, 27 de maio de 2011

CORPOS COM OU SEM LIMETES ...

                                                 CORPOS E SEUS LIMITES


Testar os limites dos bailarinos. Abrir mão das técnicas tradicionais da dança para descobrir todas as formas que um corpo humano possa adquirir. Foi assim que a Pilobolus Dance Theatre arrebatou o mundo há exatos 40 anos. Em mais uma passagem pelo Brasil, o grupo chega a São Paulo nesta terça-feira, 24.

No palco do Teatro Bradesco, a companhia norte-americana volta a exibir a combinação de dança e atletismo que a consagrou. Uma fórmula que conquistou plateias numerosas e ditou moda, amealhando seguidores mundo afora. Seria a partir da trilha iconoclasta aberta pela Pilobolus, que surgiriam outros grupos de sucesso. Caso do também americano Momix, da brasileira Cia. de Dança Deborah Colker e da italiana Kataklò, que, curiosamente, também passa pela cidade nesta semana.

Fundada em 1995, pela coreógrafa Giulia Staccioli, a companhia apresenta-se a partir desta segudna-feira, 23, no Teatro Alfa. E deve mostrar por aqui como radicalizou os preceitos que a Pilobolus lançou nos anos 1970. Campeã olímpica de ginástica rítmica, com passagens pelas Olimpíadas de Los Angeles e Seul, Giulia descobriu a dança ao estudar com Moses Pendleton - coreógrafo fundador do Momix e da Pilobolus.

Formada por ex-atletas - muitos deles campeões olímpicos - a Kataklò Atletic Dance Theatre reestrutura os movimentos acrobáticos e trata de colocar os corpos em situações extremas. "Quando trabalho com dançarinos que vêm da ginástica ou dos esportes eles devem estudar dança. E, aí, adquirem um vocabulário maior que o de um bailarino convencional. É esse background que me dá a possibilidade de testar qualquer ideia com eles", diz ao Estado Giulia, ainda hoje diretora do grupo.

Nessa passagem pelo País, o conjunto italiano faz a estreia mundial de Light, sua nova coreografia. Se no trabalho anterior, Play, o foco recaía sobre modalidades esportivas - e tratava, inclusive, de ironizá-las - a atual criação mira uma perspectiva um pouco mais abstrata, sem que se concentre em uma temática tão evidente. A luz, como já evidencia o próprio título do espetáculo, merece lugar de destaque em Light. E o cenário, todo branco, serve para potencializar os efeitos da iluminação "Teremos tudo o que a Kataklò sabe fazer: dança, teatro, acrobacias. O jeito de dançar é o mesmo. Mas em Light o próprio tema é uma combinação de diferentes linguagens."

Serão encenadas três coreografias que fazem parte da última leva de criações do grupo: The Transformation e Redline, ambas de 2009, e Hapless Hooling in Still Moving, criada em 2010, resultado de uma parceria com o mestre das histórias em quadrinho, Art Spielgeman.

Completa o programa Duet, coreografia de 1992 que é uma das preferidas do público. Chegou a ser aposentada, mas voltou ao repertório, aclamada como um clássico da companhia. "Fizemos, ao longo desses 40 anos, mais de uma centena de coreografias. E a maioria, nunca apresentamos de novo. Mas algumas têm esse traço indescritível, que faz com que elas perdurem."

KATAKLÒ ATHLETIC DANCE THEATRE - Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, telefone 5693-4000. Hoje, às 21h. R$ 60.

PILOBOLUS DANCE THEATRE - Teatro Bradesco. R. Turiaçu, 2.100, 3670-4121. 3ª e 4ª, 21 h. R$ 90/180.

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